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KPIs Que Importam — Muito Além da Ponta do Iceberg (Parte 01)

Nem Todo KPI Conta a História Certa

No universo da gestão financeira, é comum empresas utilizarem indicadores básicos para medir seus resultados. Porém, esses números — como receita bruta, lucro líquido ou despesas operacionais — muitas vezes não oferecem a profundidade necessária para tomadas de decisão estratégicas. Eles são importantes, sim, mas representam apenas a superfície visível da real performance do negócio.

É como observar um iceberg: o que está acima da linha d’água são os KPIs fáceis de medir e interpretar. No entanto, é o que está abaixo — as métricas estratégicas — que sustenta a estabilidade e o crescimento da organização.

KPIs Básicos (a parte visível do iceberg)

Esses indicadores são os mais conhecidos e, geralmente, os primeiros a serem monitorados por empresas em diferentes estágios:

  • Receita Bruta: Total de vendas realizadas em um período, sem descontar custos e impostos.
  • Lucro Líquido: Valor que sobra após o pagamento de todas as despesas, impostos e custos operacionais.
  • Despesas Operacionais: Somatório dos custos fixos e variáveis da operação.
  • Margem de Lucro: Percentual do lucro líquido sobre a receita bruta.
  • Fluxo de Caixa Operacional: Monitoramento das entradas e saídas de caixa relacionadas às atividades principais da empresa.

Esses KPIs são essenciais para o controle financeiro do dia a dia, mas raramente revelam o que está por vir. Para prever riscos, antecipar oportunidades e direcionar investimentos, é necessário ir além.

Métricas Estratégicas (a parte submersa do iceberg)

Aqui estão os indicadores que realmente guiam a tomada de decisões estratégicas:

  • EBITDA (Lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização): Reflete o desempenho operacional da empresa sem interferências contábeis.
  • ROIC (Retorno sobre o Capital Investido): Avalia a capacidade da empresa de gerar valor sobre o capital utilizado.
  • Fluxo de Caixa Livre: Quantia de caixa gerada após todos os investimentos e despesas — essencial para expansão e pagamento de dividendos.
  • Margem EBITDA: Indicador de eficiência operacional em relação à receita líquida.
  • Dívida Líquida / EBITDA: Avalia o nível de endividamento da empresa em relação à sua capacidade de geração de caixa.
  • Capex (Despesas de Capital): Medida dos investimentos em ativos que terão retorno a longo prazo.
  • Ciclo de Conversão de Caixa: Tempo entre o pagamento aos fornecedores e o recebimento dos clientes — impacta diretamente o capital de giro.
  • TSR (Total Shareholder Return): Mede o retorno total entregue ao acionista, somando valorização das ações e dividendos pagos.
  • RAROC (Risk-Adjusted Return on Capital): Aponta o retorno ajustado ao risco assumido — métrica crítica para empresas financeiras.

O Valor dos KPIs Estratégicos na Prática

Imagine uma empresa com lucro líquido crescente, mas que não monitora seu ciclo de conversão de caixa. Em uma crise de liquidez, mesmo lucrativa, ela pode ter dificuldades para honrar compromissos e manter suas operações. Por outro lado, empresas que olham para métricas como o ROIC e EBITDA conseguem identificar gargalos operacionais, projetar crescimento sustentável e ajustar a rota com base em dados de longo prazo.

Em resumo, os KPIs estratégicos revelam aquilo que os números básicos escondem.

Conclusão: KPIs como Alicerces de Decisão

CFOs, controllers e equipes de FP&A que se limitam aos KPIs operacionais podem acabar gerenciando apenas o presente, sem clareza sobre o futuro. A verdadeira inteligência financeira está em combinar o monitoramento tático com uma visão estratégica, com indicadores que conectam operação, investimento e resultado.

Reflexão: Sua empresa monitora os indicadores certos? Ou está apenas olhando para o topo do iceberg?

Gabriel Barbieri

Co-Fundador e Diretor de Negócios na Handit, com mais de 15 anos de experiência em tecnologia e estratégia para CFOs, FP&A e Controllers. Apaixonado por governança e gestão Lean, atua como sócio e advisor, ajudando empresas a transformar seus processos financeiros com inovação e inteligência de dados.

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